A construção civil avançou 1,6% em 2019, puxado principalmente pelo setor de edificações imobiliárias, segundo o IBGE. Foi o primeiro ano positivo do setor após cinco anos no vermelho.
O Produto Interno Bruto (PIB) teve alta de apenas 1,1% em 2019, informou o IBGE nesta quarta-feira. É o terceiro ano seguido que o Brasil cresce cerca de 1%.
No ano passado, as vendas de imóveis aumentaram 9,7% em comparação com 2018, segundo pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O desempenho da construção civil puxou os investimentos, que avançaram 2,2% em 2019. O segmento de construção respondeu por 44% do total dessa expansão.
Ainda assim, os investimentos cresceram menos que em 2018, quando avançaram 3,9%.
E, apesar do bom desempenho no ano, tanto os investimentos como a construção civil tiveram um desempenho ruim no último trimestre de 2019. A construção recuou 2,5% frente ao terceiro trimestre, enquanto os investimentos sofreram um recuo de 3,3%.
No ano, a taxa de investimento, que é o montante de tudo o que foi investido por empresas, famílias e governo em relação ao tamanho do PIB, ficou em 15,4%, ligeiramente acima da registrada no ano anterior (15,2%) e abaixo da verificada no período 2010-2013, quando ficou em patamar acima de 20%.
Medidas pragmáticas
A Associação Brasileira de Empresas de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), afirmou, em nota, que a economia brasileira em 2019 cresceu “em linha com a expectativa do mercado”, mas o volume de investimento “preocupa”.
A associação lembra que com o resultado do ano passado, a economia voltou a rodar no patamar de 2013. O crescimento anêmico do PIB brasileiro desde 2017, portanto, ainda não compensou o tombo da economia brasileira no período de 2015-2016, quando o PIB caiu perto de 10%.
Para a Abdib, a recuperação da economia já é a mais lenta em comparação a outros processos de recuperação econômica no período recente, superando até mesmo a crise de 1929. No Brasil, uma agenda para a retomada da atividade econômica deveria envolver medidas pragmáticas para aceleração dos investimentos.
“O país precisa voltar a investir, reduzir incerteza política, competir, inovar, abrir novos mercados”, escreveu Igor Rocha, diretor de Planejamento e Economia da entidade.
Mais ajuste fiscal
Para Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, a pequena taxa de investimento no Brasil é um dos pontos que torna urgente a necessidade de “aprofundamento do ajuste fiscal, com o aumento da taxa de poupança do setor público”.
Para ele, que distribuiu relatório a clientes nesta quarta-feira, isso seria alcançado com mais cortes nos gastos públicos.
A construção civil também puxou o avanço de 0,5% da indústria no ano. O desempenho do setor industrial só não foi melhor porque a indústria extrativa caiu 1,1%, resultado influenciado pelos efeitos da queda da barragem da Vale, em Brumadinho (MG).
A crise argentina também limitou o crescimento da indústria de transformação, que teve alta de apenas 0,1% em 2019.