Minha Casa Minha Vida: divergência entre Caixa e governo trava queda de juros
22/06/2020 - Minha Casa Minha Vida: divergência entre Caixa e governo trava queda de juros
Uma queda de braço entre o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e a Caixa Econômica Federal dificulta a redução nos juros dos financiamentos habitacionais para a baixa renda no Minha Casa Minha Vida e emperra o anúncio da reformulação do programa pelo presidente Jair Bolsonaro.
Para abrir espaço no orçamento do FGTS e anunciar mais 150 mil unidades, o MDR insiste na necessidade de reduzir os juros cobrados nos contratos de 5% ao ano para 4% na faixa 1,5 (renda familiar de até R$ 2.600) e de 0,5 ponto percentual na faixa 2 (até R$ 4 mil), que cobra 5,5%, além de mexer na remuneração da Caixa.
A ideia é reduzir a taxa de administração da Caixa, de 2,16%, e passar a pagar ao longo dos contratos as despesas com a emissão de boletos (R$ 25 cada) e outros custos operacionais. Todo esse gasto é reembolsado à vista pelo FGTS.
A briga já dura pelo menos dois meses, e a tentativa de adotar uma fase de transição para a mudança ainda não avançou. Segundo interlocutores, a Caixa já teria ameaçado deixar o programa, operado praticamente só por ela porque não há interesse de outros bancos.
Além de reduzir o juro, o governo quer dar um auxílio às pessoas para que elas possam reformar e ampliar suas casas, desde que estejam em áreas regularizadas. Um projeto que seria lançado em conjunto com prefeituras.
Técnicos da equipe econômica e do setor privado alegam que não faz sentido uma taxa de 5% ao ano mais 2,16%, no momento em que a Selic chegou a 2,25%. Mas o FGTS também não pode reduzir muito a taxa sem uma compensação, porque precisa remunerar aos cotistas 3% ao ano, mais a TR (atualmente zerada). Por isso, a alternativa seria alterar as condições do agente financeiro, no caso a Caixa.
Procurada, a assessoria de imprensa da Caixa informou que não comentaria, porque é apenas agente operador do FGTS. O MDR não quis se manifestar.
Fonte: O Globo