SP puxa retomada na venda de imóveis
16/09/2019 - SP puxa retomada na venda de imóveis
Não se vendiam tantos imóveis novos em São Paulo desde o ano do pico do mercado, em 2008. A julgar pelo número de novas licenças de construção, empresas do ramo acreditam que a demanda vai continuar pelo menos tão quente no ano que vem.
Nos últimos 12 meses contados até junho, a prefeitura paulistana concedeu 822 alvarás para prédios e conjuntos residenciais. O ritmo anual se mantém acima de 800 desde março, recuperando o patamar de fins de 2014, quando o país já se arrastava na recessão, que ainda não abatera o ânimo dos investimentos na cidade, no entanto.
O fundo do poço foi no primeiro trimestre de 2018, segundo dados coletados pela Fipe em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), com menos de 500 alvarás em 12 meses.
Motivos? Houve melhorias ou despioras econômicas gerais. “São Paulo vem liderando o processo de retomada econômica do país. Além disso, os preços dos imóveis não tiveram aumento nos últimos anos. Isso melhora o ânimo dos empresários. Com aumento de oferta do crédito imobiliário e queda nas taxas de juros, deve haver crescimento nas vendas nos próximos meses”, diz Luiz França, presidente da Abrainc.
As taxas de juros para financiamento imobiliário estão no nível mais baixo de que se tem registro (a série de dados do Banco Central começa em 2011). No entanto, pelas condições financeiras gerais anteriores, as taxas devem ser as mais baixas pelo menos desde o Plano Real, de 1995.
O mercado paulistano, porém, tem novidades específicas, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP e vice-presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Houve uma explosão de vendas por meio do programa Minha Casa Minha Vida e novas oportunidades de construir em bairros das regiões mais ricas da cidade.
Segundo o economista, a partir de 2017-2018 as empresas organizaram seus empreendimentos de acordo com a nova Lei de Zoneamento e o Plano Diretor da cidade.
As mudanças incentivaram ou permitiram a exploração de novos mercados, como os de habitações de interesse social (HIS), e de oportunidades como o adensamento de bairros próximos a corredores de ônibus e estações de metrô, que têm se disseminado ainda mais por regiões mais ricas.
Houve um número expressivo de lançamentos em Perdizes, Pinheiros, Vila Mariana e Moema. O movimento deve continuar. Esses três últimos distritos estão na ponta do ranking de novos alvarás. Os líderes, porém, são Penha, Vila Matilde e Tucuruvi, onde há mais terrenos para explorar.
Petrucci observa que as vendas do Minha Casa Minha Vida ficavam em torno de 4.000 imóveis entre 2014 e 2016, quando o mercado desceu para o fundo do poço, na cidade.
Neste ano de 2019, apenas as vendas desse programa podem chegar a 20 mil unidades. Nos últimos meses, foram comercializados no total 38.415 imóveis. Petrucci diz que o ano deve terminar com vendas na casa de 40 mil unidades, talvez então empatando com os picos de 2008 e 2010.
O avanço deste mercado de imóveis de menor valor explica por que o valor total das vendas na cidade de São Paulo seja ainda 31% inferior ao do pico de 2013 (já descontada a inflação), embora em alta de mais de 41%, nos últimos 12 meses.
França, da Abrainc, afirma que agora “deve ocorrer um aumento mais expressivo nas vendas de médio e alto padrão”.
Fonte: Folha de SP